16 de setembro de 2010

Conhece-te a ti mesmo...


Eu sou eu, muito prazer!

"Quem sou?" é mais que uma simples pergunta de profile de Orkut, aliás, o "Orkuspício" é um lugar que me rende inúmeras divagações (tá, várias coisas me fazem viajar na maionese, confesso!)...voltando ao assunto: as comunidades, os profiles,  como as pessoas se relacionam com as outras, como se expõem, como se veem ou se "vendem"...tudo isso me tudo isso me inquieta, sei que não deveria levar essas redes sociais tão a sério, mas sou assim, que remédio!

Me pergunto: será que nessa sociedade de inversão de valore$, a gente para pra pensar em quem realmente somos ou o que realmente queremos? Penso que se perguntar a si mesmo "Quem sou eu?" seja mais que preencher um simples profile de Orkut. Claro que não estou me atendo ao preenchimento do perfil da rede social mais querida do Brasil, estou falando de autoconhecimento.

Até que ponto eu consigo ter noção das coisas que me fazem bem ou mal?  Até que ponto estou simplesmente aceitando verdades que querem me enfiar goela abaixo? São tantas perguntas contudo, uma merece destaque:  será que não estou preenchendo meus vazios existenciais com mentiras e ilusões? A resposta para esse tipo de questionamento e para todos os questionamentos internos podem ser encontradas quando olhamos para dentro de nós mesmos, isso porque só o autoconhecimento traz o senso de discernimento. Geralmente não paramos pra pensar, vamos nos acostumando com as coisas, reproduzindo comportamentos,  acabamos fazendo coisas que não gostamos e acabando "sendo" pessoas que não queríamos ser. Resumindo: somos  desconhecidos de nós mesmos.

O desconhecimento dos nossos sentimentos causa um vazio, uma sensação de impotência diante das situações e quando algo não acontece do jeito que desejávamos, parece que o caminho mais fácil  sempre  é colocar a culpa nos outros. Se não conquistamos algo a culpa é de alguém, se algo deu errado, foi olho gordo e blá blá blá...

Uma das frases mais repetidas e difundidas pelos que se preocupam tanto com os outros é o "Livrai-me de todo o mal, amém". O mal está com os outros? Acredito que essa passagem do Pai-Nosso perdeu um pouco o seu real sentido. A pergunta é: quem postulou que os males são os outros?  Eu sou dono da minha vida e artifície do meu destino e se moda é pra colocar a culpa em alguém, dessa vez, eu coloco no Sartre ;)

Colocar a culpa nos outros não seria uma forma de me isentar? Até que ponto sou verdadeiro comigo mesmo? O grande Renato Russo em uma de suas letras geniais proferiu com a grande sensibilidade de costume: "porque mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". Mentir pra si não nos leva ao esclarecimento de quem somos. Para sabermos quanto de orgulho, vaidade, egoísmo ainda carregamos em nós, basta que nos observemos nossas atitudes, nossas reações de modo geral,  diante dos pequenos fatos do dia a dia.

Lembremo-nos do exemplo de Santo Agostinho, que ao final de cada dia, interrogava a sua consciência e perguntava a si mesmo se não havia faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém tinha motivo para se queixar dele, e foi assim, que dia após dia, foi se autodescobrindo, reconhecendo suas limitações a fim de começar o processo de reforma íntima. Ao descobrirmos que os problemas residem no nosso mundo interior, trilharemos um caminho de paz, paz com a própria guerra, não colocaremos a reponsabilidade da nossa felicidade nos outros, trilharemos nosso "caminho de pedra feliz", como diz a canção do Milton Nascimento.

"Revolve-te por avançar."

Eu sou óbvia, clichê, implicante, e por vezes, metódica.São muitos os defeitos e não tenho vergonha de dizer, porque sei  também que sou outras coisas além do que se vê. Buscar esse autoconhecimento, olhar para dentro de mim, faz com que eu entenda a minha própria loucura.

Em um mundo cheio de fakes (virtuais e reais), a charada é Quem sou eu?  E quem são "os outros" que tanto me incomodam? Por que me incomodam? Será que eu não os incomodo?
Empatia e autoconhecimento, penso ser uma das chaves para a paz de espírito, já que a felicidade (ainda) não pertence a esse mundo de aflições, de tantas provas e expiações, por isso, descubra quem és.

Como diria o cumpadre meu Quelemém, em Grande Sertão: veredas: "A colheita é comum, mas o capinar, é sozinho."

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