27 de novembro de 2010

Politicamente (in)correto?!?


Monteiro Lobato, o racismo e uma falsa polêmica

Por Idelber Abelar - O Biscoito e a Massa

Nossa indústria de escândalos precisa de urgente renovação. Depois do “Ministério da Educação acéfalo” que só acertou em 99,94% das provas do ENEM, há uma polêmica sobre Monteiro Lobato que, aliás, será do agrado dos que reclamam do Fla x Flu entre lulismo e antilulismo. Desta feita, há governistas e oposicionistas em ambos os lados da polêmica. Isto não a torna, evidentemente, mais interessante.
Aldo Rebelo, o Prof. Deonísio da Silva, Augusto Nunes e dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d'água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobre Caçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo.
O pedido de parecer recebido pelo MEC se relaciona com algo comum no ensino de obras literárias, em especial para jovens ou crianças: a contextualização necessária para que epítetos, comportamentos discriminatórios, racismo explicito, ódio a povos ou a orientações sexuais etc., sancionadas e apresentadas como normais no contexto em que a obra foi escrita ou no interior dela (e qual é a relação entre obra e contexto em cada caso, claro, é um vasto problema), sejam lidos criticamente e não replicados como modelo pelos alunos. Não é tão fácil como parece. No caso de Monteiro Lobato, é imensamente difícil.
O Deputado Aldo Rebelo diz: Se o disparate prosperar, nenhuma grande obra será lida por nossos estudantes, a não ser que aguilhoada pela restrição da “nota explicativa” — a começar da Bíblia, com suas numerosas passagens acerca da “submissão da mulher”, e dos livros de José de Alencar, Machado de Assis e Graciliano Ramos; dos de Nelson Rodrigues, nem se fale. Em todos cintilam trechos politicamente incorretos.

O Deputado Aldo Rebelo vive num mundo onde todas as discussões acerca da cultura se dão num terreno ameaçado, pelo estrangeirismo ou pelo politicamente correto. O Deputado tem uma concepção estática, patrimonialista de cultura nacional. Para ele, o passado é uma coleção de sacralidades intocáveis. É o oposto de uma concepção benjaminiana acerca do que é o pretérito.
A comparação feita por Aldo, entre Lobato e Nelson Rodrigues, é estapafúrdia, por ignorar o contexto em que se faz o pedido de parecer ao MEC: o da obra Caçadas de Pedrinho em salas de aulas do ensino fundamental e médio. Ora, salvo engano meu, não há garotos de 4º ou 5º ano lendo Vestido de noiva ou Bonitinha, mas ordinária nas escolas públicas ou particulares brasileiras. Se eles se introduzem à obra de Nelson na adolescência tardia ou depois, na faculdade, essa situação não tem nada em comum, entendamos, com um garoto negro ou mulato de 10 ou 11 anos de idade sendo introduzido social, coletivamente à pesada linguagem racista que se encontra em parte da obra de Monteiro Lobato. Este blog tem tentado ser contido mas, com vossa permissão, sugiro que só uma besta-quadrada ou um malintencionado não enxerga isso.
Pois muito bem, dados os fatos de que 1) Monteiro Lobato é peça chave da nossa tradição literária, especialmente canônico e fundacional para a literatura infantil; 2) uma obra como Caçadas de Pedrinho está eivada de linguagem pesadamente racista; 3) essa linguagem não vem de um “vilão” da história depois punido, mas é sancionada pela obra, posto que enunciada por Emília, a personagem querida, central, convidativa à identificação; coloca-se aí um problema nada simples para o educador. Quem acha que é simples que faça, por gentileza, o exercício de imaginar alguns dos trechos animalizadores de negros, citados pelo Sergio Leo, numa sala de aula com, digamos, 20 ou 22 crianças brancas ou brancomestiças e 3 ou 4 crianças negras ou negromestiças. Imagine, monte seu plano de aula e me conte. É uma situação que tem o potencial de ser tremendamente traumática para a criança.
O que fazer, então? Ninguém, em nenhum momento, falou em “proibir” ou “censurar” Lobato. Em nenhum momento se falou sequer de emendar o texto de Lobato, coisa com a qual eu, particularmente, não teria grandes problemas (pelas mesmas razões do Alex), desde que fosse bem feito.
Na verdade, basta ler o raio do parecer do MEC para ver que, concorde-se com o texto ou não, ele está escrito dentro de um espírito razoável: fornecer ao educador instrumentos (introdução, notas ao pé de página etc.) que contextualizem epítetos e caracterizações que hoje são inaceitáveis em nossa interação social. O parecer não está escrito em jargão de especialista, mas está informado pela leitura de alguns dos melhores estudiosos de recepção de obras literárias no Brasil, como Marisa Lajolo (que, além de ser estudiosa de estética da recepção, é autora de um artigo importante [pdf] sobre o negro em Lobato).
O parecer explica, em linguagem clara, algo que é amplamente consensual entre estudiosos de literatura: que nenhuma obra literária está completamente “solta”, “livre” dos valores de sua época e que nenhuma grande obra é simplesmente um reflexo desses valores tampouco. Cada obra rearticula, reescreve, chacoalha, reinterpreta os valores de seu tempo. Em outras palavras, o mesmo Monteiro Lobato cujos diálogos estão eivados de racismo pode servir para questionar o racismo. O mesmo Conrad que está encharcado de colonialismo pode servir para questionar a empreitada colonial. O mesmo Nelson Rodrigues que está empapado de misoginia pode ser lido de forma feminista, emancipatória. Mas estas duas últimas tarefas, em sala de aula, são menos explosivas e complexas que a primeira, posto que no caso de Lobato você está lidando com garotos de 10, 11 anos de idade.

Um aparato de notas é o mínimo a que um professor tem direito para trabalhar com as perorações racistas de Emília numa sala de aula do século XXI. Inventemos escândalos mais inteligentes. Aqueles baseados na sacralização dos documentos de cultura passados estão ficando meio tediosos.
Suponho estar óbvio que o parecer do MEC sequer desestimula (que dirá proíbe) a adoção de Caçadas de Pedrinho ou de qualquer outra obra de Lobato. O Alex diz nos comentários a este post (cuja conversa continua aqui) que ele não adotaria a obra e eu entendo suas razões. Aliás, eu me atreveria a dizer que só quem nunca segurou um pedaço de giz não entenderia. De minha parte, eu não sei se adotaria o livro ou não. Optei por dar aulas para adultos, em parte, para não ter que tomar decisões como esta (como sou um homem de muitos vícios, prefiro lecionar para gente que já adquiriu algum). Eu provavelmente não a adotaria num contexto em que os garotos negros fossem pequena minoria em sala de aula. Eu estaria mais à vontade para adotá-la (porque Lobato realmente é muito bom) se eu sentisse que estou equipado para tornar o texto um instrumento de debate do próprio racismo. É sempre caso a caso. O parecer do MEC não substitui a decisão de cada professor. Só oferece elementos para subsidiá-la.
Como sempre é o caso nas falsas polêmicas, elas valem a pena se geram alguma boa escrita. Esta gerou pelo menos dois ótimos textos: do Paulo Moreira Leite e do Sergio Leo. Fiquemos com eles.


 O que disseram por aí sobre esse tema?

"Lobato, negros e Mayaras", texto de Olívia Santana - Vereadora de Salvador e Coordenadora de Combate ao Racismo do PC do B. 

"Monteiro Lobato no Tribunal Literário", parecer d Aldo Rebelo, publicada na Folha de São Paulo.

"Crucificar Monteiro Lobato?", posição da escritora Lya Luft, publicada na Veja. Disponível em: http://veja.abril.com.br/101110/crucificar-monteiro-lobato-p-026.shtml

"Solução" Pedagógica publicada na Revista NOVA ESCOLA: "A representação do negro em Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/representacao-negro-cacadas-pedrinho-monteiro-lobato-607919.shtml

"Lobato, Emília e a banalidade do mal", texto do jornalista Paulo Moreira Leite, publicada na Revista Época. Disponível em: http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/2010/11/05/lobato-nas-aulas-de-hipocrisia/?cp=2#comment-140985

Parecer do MEC sobre a obra: http://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=1Qo8RXEXQpqfe6nHVQRF6NxUnCTvLJuphsJDniLZy5XjpGcmoKZezesgvshM2&hl=en&pli=1

17 de novembro de 2010

Ai palavras, ai palavras...


Romance LIII ou das palavras aéreas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
 Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,
de leve, quem vos desfolha?
Pareceis de tênue seda,
sem peso de ação nem de hora...
- e estais no bico das penas,
- e estais na tinta que as molha,
- e estais nas mãos dos juízes,
- e sois o ferro que arrocha,
- e sois barco para o exílio,
- e sois Moçambique e Angola!

Ai, palavras, ai, palavras,
íeis pela estrada afora,
erguendo asas muito incertas,
entre verdade e galhofa,
desejos do tempo inquieto,
promessas que o mundo sopra..

Ai, palavras, ai, palavras,
mirai-vos: que sois, agora?
- Acusações, sentinelas;
bacamarte, algema, escolta;
- o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
- a umidade dos presídios,
- a solidão pavorosa;
- duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
- e a sentença que caminha,
- e a esperança que não volta,
- e o coração que vacila,
- e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão, podíeis ter sido!
- sois madeira que se corta,
- sois vinte degraus de escada,
- sois um pedaço de corda...
- sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
- sois um homem que se enforca!

Cecília Meirelles  (Romanceiro da Inconfidência)

15 de novembro de 2010

Liberdade! liberdade! Abre as asas sobre nós!


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Hino da Proclamação da República

Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz! 



Fonte: Brasil Escola. 
Disponível em:http://www.brasilescola.com/historiab/hinodaproclamacaodarepublica.htm.
Acesso em 15/11/2010.

13 de novembro de 2010

Uma mente (bem) iluminada...


Gosto de ser homem, de ser gente, porque não está dado como certo, inequívoco, irrevogável que sou ou serei decente, que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros, que não mentirei escondendo o seu valor porque a inveja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece. Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que meu "destino" não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade. 


 PAULO FREIRE - Pedagogia da autonomia, p. 30.

7 de novembro de 2010

Vidas secas...

 
   
Ignorância e preconceito, caminham lado a lado....

Como uma estudante de Direito, de apenas 21 anos, causou tanto reboliço no Brasil em uma semana? 
A receita foi bem simples: uma xícara de chá de intolerância, uma pitada de inconsequência e duas colheres de sopa cheias de preconceito, toda essa mistura foi levada ao forno "Twitter" e em um minuto estava pronto: "o bolo da ignorância". Ingenuidade ou não, o problema é muito maior do que possamos imaginar. 

Muito me surpreende o fato de pessoas jovens e instruídas, dessa geração cibernética,  fazerem mau uso de uma ferramenta tão maravilhosa que é a Intenet para disseminar o ódio e a intolerância. E não me venham com discursos sobre liberdade de expressão, respeito é algo que deveria ser inerente à formação humana.

O destaque da vez é para os nordestinos, mas sabemos que existe também o preconceito contra a burguesia,  contra os paulistas, contra o favelado, contra os evangélicos e por aí vai. A falta de discernimento, os juízos pré concebidos para com algo ou alguém nos levam a julgar, ter posições radicais e por vezes, atitudes pra lá de discriminatórias, como tiveram alguns eleitores insatisfeitos com a derrota do José Serra, descontando toda a sua frustração contra o povo nordestino. 

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte". Nesse aspecto, tenho que concordar com Euclides da Cunha,  que,  apesar das crenças e das influências fortemente deterministas do autor de "Os Sertões", soube reconhecer a força hérculea que o nordestino possui. Mas convenhamos, não só o nordestino, o paraense, o paulista, o gaúcho, o amazonense, o mineiro, o homem do campo e o das grandes cidades, todo brasileiro é, antes de tudo, um forte.

Ignorância e preconceito, caminham lado a lado. A vida dura do sertanejo brasileiro enfrentando a seca, a fome, o analfabetismo, a miséria só não é mais seca do que a falta de empatia de muitas pessoas, como pudemos notar essa semana. Seca é a vida de quem não tem compaixão, aí reside a verdadeira miséria. Mas como diria meu velho e bom amigo Riobaldo: o mais importante e bonito do mun­do é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.Verdade maior, isso que me alegra montão (...).

Só para terminar o post, recomendo um livro que mexeu demais comigo e retrata muito bem, na minha opinião, a dura vida daqueles que enfrentam a seca, a fome, a ignorância e o descaso. Essa é uma obra indispensável para qualquer pessoa: "Vidas Secas", de um dos meus escritores prediletos, que é o Graciliano Ramos. Não tem como não ler com um baita nó na garganta. Não façamos mais protestos equivocados, BASTA!!!! Chega de qualquer tipo de preconceito, mais EMPATIA.

6 de novembro de 2010

Não se anda só com as pernas...


 

 *DEFICIÊNCIAS

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz".
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.

Professora Renata Vilela da Escola Flor Amarela.

*Esse texto, muito difundido pela internet como do maravilhoso Mário Quintana, mas não é, em caso de dúvidas, clique aqui.

2 de novembro de 2010

Poesia pra criança...


Leilão de jardim


Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
 
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
 
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão.)

Cecília Meireles - "Ou isto ou aquilo", 1964.

1 de novembro de 2010

Ai, o Sol...


Ei, dor!*
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...

*O Sol - Jota Quest