29 de setembro de 2010
"Um país se faz com homens e com livros..."
O livro e a América
Castro Alves
Talhado para as grandezas,
Pra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir.
— Estatuário de colossos —
Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
"Vai, Colombo, abre a cortina
Da minha eterna oficina...
Tira a América de lá".
Molhado inda do dilúvio,
Qual Tritão descomunal,
O continente desperta
No concerto universal.
Dos oceanos em tropa
Um — traz-lhe as artes da Europa,
Outro — as bagas de Ceilão...
E os Andes petrificados,
Como braços levantados,
Lhe apontam para a amplidão.
Olhando em torno então brada:
"Tudo marcha!... Ó grande Deus!
As cataratas — pra terra,
As estrelas — para os céus
Lá, do pólo sobre as plagas,
O seu rebanho de vagas
Vai o mar apascentar...
Eu quero marchar com os ventos,
Corn os mundos... co'os
firmamentos!!!"
E Deus responde — "Marchar!"
"Marchar! ... Mas como?... Da Grécia
Nos dóricos Partenons
A mil deuses levantando
Mil marmóreos Panteon?...
Marchar co'a espada de Roma
— Leoa de ruiva coma
De presa enorme no chão,
Saciando o ódio profundo. . .
— Com as garras nas mãos do mundo,
— Com os dentes no coração?...
"Marchar!... Mas como a Alemanha
Na tirania feudal,
Levantando uma montanha
Em cada uma catedral?...
Não!... Nem templos feitos de ossos,
Nem gládios a cavar fossos
São degraus do progredir...
Lá brada César morrendo:
"No pugilato tremendo
"Quem sempre vence é o porvir!"
Filhos do sec’lo das luzes!
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro — esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade vooul...
Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec'lo, que viu Colombo,
Viu Guttenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias
Largo — abris às multidões,
Pra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazei desse "rei dos ventos"
— Ginete dos pensamentos,
— Arauto da grande luz! ...
Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão! ...
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo
Brada "Luz!" o Novo Mundo
Num brado de Briaréu...
Luz! pois, no vale e na serra...
Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu!...
Fonte: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/508/o-livro-e-a-am-rica.html
26 de setembro de 2010
Sabedoria que não se aprende na escola...
A verdade que liberta...
Pedro Damiano foi um menino estudioso de família muito pobre, com muitos irmãos. Sempre foi bem na escola, sempre gostou de ler e desde criança, procurou conciliar trabalho e estudos até onde pode. Hoje Pedro trabalha com reciclagem e entre um papelão e outro, sempre reserva um tempo para fazer suas leituras e incentiva todos a estudarem. Vez e outra cita Quintana de boca cheia: "Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas... os livros só mudam as pessoas". Apesar de não ter tido a oportunidade de continuar seus estudos, Pedro Damiano é até hoje um homem estudioso, um homem letrado, instruído e que busca incessantemente o conhecimento.
Damião, como gosta de ser chamado, se considera um homem livre, e quando pode, até se arrisca a escrever em seu pequeno diário, versos e pensamentos inspirados pelo seu cotidiano. Sua poesia vem das ruas, das praças e inclusive, do lixo. Esse homem parece ser muito feliz, muito gentil e educado, por onde passa é reconhecido por todos, seu olhar firme e humilde impressiona, e quando ele começa a falar você fica impressionado com todo o conhecimento que ele possui.
Damião, como gosta de ser chamado, se considera um homem livre, e quando pode, até se arrisca a escrever em seu pequeno diário, versos e pensamentos inspirados pelo seu cotidiano. Sua poesia vem das ruas, das praças e inclusive, do lixo. Esse homem parece ser muito feliz, muito gentil e educado, por onde passa é reconhecido por todos, seu olhar firme e humilde impressiona, e quando ele começa a falar você fica impressionado com todo o conhecimento que ele possui.
Certo dia, numa dessas tardes em que eu estava de bobeira no portão, perguntei ao Seu Damião se ele nunca se deixou desanimar, nunca desacreditou na vida, sendo um homem tão inteligente e não ter tido grandes oportunidades na vida. Ele me respondeu com a serenidade de costume:
- O que é ter oportunidade na vida pra você, minha filha? É ter oportunidade de ganhar dinheiro? Não posso reclamar, mesmo trabalhando desde criança para ajudar no sustento da família, consegui terminar o primeiro grau, sei ler, sei escrever...não sou uma pessoa que não teve oportunidade, frequentei a escola quando criança, pude ver meus irmãos mais novos se formar, tenho um que até é Doutor, mas perdemos contato, faz parte da vida...Sou um humilde catador de papelão, vivo com pouco, mas vivo em paz.
- Mas quando você estudava, você não tinha sonhos? Porque não voltou a estudar?
- Tinha e tenho, muitos sonhos...o maior deles é ver os nossos jovens dando valor aos estudos! Não pude voltar a estudar, preferi trabalhar e ver meus irmãos mais novos se formando, e falo, nem todos deram valor devido a oportunidade de se instruir, mas fiz o que pude. Nem por um dia me esqueço da minha pobre mãe, que morreu analfabeta e me dizia sempre: estude meu filho, estude para ser alguém que eu não fui, estude para ser livre! Palavras que só com o tempo pude compreender a profundidade. Vou falar uma coisa pra senhora: conhecimento pra mim não é sinônimo de riqueza material, mas sei que pra muitos, os estudos pode trazer esse tipo de satisfação, mas não foi por isso que busquei e ainda busco o conhecimento...conhecimento pra mim é liberdade. Quando eu leio, quando eu estudo, me sinto livre...
FIM
23 de setembro de 2010
Para não sermos (tão) idiotas...
POLÍTICA É COISA DE IDIOTA?
“Política é coisa de idiota!”. Mas não pode ser! Essa sentença aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, e, em nome da verdade histórica, o que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a expressão idiótes, em grego, significava aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política. Em outros termos, os gregos antigos chamavam de idiota a pessoa que achava que a regra da vida é “cada um por si e Deus por todos”.
Os mesmos gregos davam um nome apropriado a quem cuidasse também da vida pública, da comunidade, e que acreditasse que a mais nobre regra é “um por todos e todos por um”: este era chamado de político. E se entendia que todas e todas éramos e deveríamos ser políticos, a partir da noção de que pólis é a comunidade, a cidade, a sociedade, e é nela, com ela e por ela que vivemos.
No cotidiano, o que se fez foi um sequestro semântico, uma inversão do que seria o sentido original de idiota, a ponto de muitas e muitos hoje pensarem que só deixa de ser idiota aquele que vive fechado dentro de si e só se interessa pela vida no âmbito pessoal. Sua expressão generalizada é: “Não me meto em política”.
Recusemos tal percepção negativa da política, pois afeta a convivência decente e saudável e, antes de mais nada, esquece que “os ausentes nunca tem razão”. De fato, muitos se sentem assim em relação a um determinado modo de fazer política, mas não corresponde à ideia mais abrangente de política, dado que ausentar-se em nome da liberdade e do interesse próprio esbarra novamente no mundo clássico, para o qual o idiota não é livre (porque toma conta só do próprio nariz), pois entendiam que só é livre aquele que se envolve na vida pública, na vida coletiva.
Assim, a política é vista aí como convivência coletiva, mesmo que moremos cada um em nossa própria, usando o latim, domus, ou seja, em casa, nosso domínio. Porém, na prática, porque vivemos juntos e só assim o conseguimos, a questão é que não temos domus, só temos con-domínios. Viver é conviver, seja na cidade, ainda que em casa ou prédio, seja no país, seja no planeta.
A vida humana é condomínio. E só existe política como capacidade de convivência exatamente em razão do condomínio.
__________________________
*Mario Sergio Cortella é filósofo e professor-titular da PUC-SP, escreveu com o filósofo Renato Janine Ribeiro (USP) o livro Política: para não ser idiota
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/politica-eleicoes-594962.shtml
Dica do dia:
Veja qual candidato pensa como você:
22 de setembro de 2010
O avesso da gente...
Você já viu avesso de bordado? Tem nó, tem linha pendurada, é uma confusão! Não dá nem para acreditar que aquele lado feioso faz parte do lado direito, todo bonito.
Pois é, o avesso da gente é parecido com isso. Tem coisas que às vezes a gente não quer mostrar, só quer esconder.
A beleza, porém, está em saber que todo direito da gente tem avesso, ou todo avesso tem seu direito, assim como toda sombra tem sua luz.
EVA FURNARI
*Créditos pra Laís.
16 de setembro de 2010
Conhece-te a ti mesmo...
Eu sou eu, muito prazer!
"Quem sou?" é mais que uma simples pergunta de profile de Orkut, aliás, o "Orkuspício" é um lugar que me rende inúmeras divagações (tá, várias coisas me fazem viajar na maionese, confesso!)...voltando ao assunto: as comunidades, os profiles, como as pessoas se relacionam com as outras, como se expõem, como se veem ou se "vendem"...tudo isso me tudo isso me inquieta, sei que não deveria levar essas redes sociais tão a sério, mas sou assim, que remédio!
Me pergunto: será que nessa sociedade de inversão de valore$, a gente para pra pensar em quem realmente somos ou o que realmente queremos? Penso que se perguntar a si mesmo "Quem sou eu?" seja mais que preencher um simples profile de Orkut. Claro que não estou me atendo ao preenchimento do perfil da rede social mais querida do Brasil, estou falando de autoconhecimento.
Me pergunto: será que nessa sociedade de inversão de valore$, a gente para pra pensar em quem realmente somos ou o que realmente queremos? Penso que se perguntar a si mesmo "Quem sou eu?" seja mais que preencher um simples profile de Orkut. Claro que não estou me atendo ao preenchimento do perfil da rede social mais querida do Brasil, estou falando de autoconhecimento.
Até que ponto eu consigo ter noção das coisas que me fazem bem ou mal? Até que ponto estou simplesmente aceitando verdades que querem me enfiar goela abaixo? São tantas perguntas contudo, uma merece destaque: será que não estou preenchendo meus vazios existenciais com mentiras e ilusões? A resposta para esse tipo de questionamento e para todos os questionamentos internos podem ser encontradas quando olhamos para dentro de nós mesmos, isso porque só o autoconhecimento traz o senso de discernimento. Geralmente não paramos pra pensar, vamos nos acostumando com as coisas, reproduzindo comportamentos, acabamos fazendo coisas que não gostamos e acabando "sendo" pessoas que não queríamos ser. Resumindo: somos desconhecidos de nós mesmos.
O desconhecimento dos nossos sentimentos causa um vazio, uma sensação de impotência diante das situações e quando algo não acontece do jeito que desejávamos, parece que o caminho mais fácil sempre é colocar a culpa nos outros. Se não conquistamos algo a culpa é de alguém, se algo deu errado, foi olho gordo e blá blá blá...
Uma das frases mais repetidas e difundidas pelos que se preocupam tanto com os outros é o "Livrai-me de todo o mal, amém". O mal está com os outros? Acredito que essa passagem do Pai-Nosso perdeu um pouco o seu real sentido. A pergunta é: quem postulou que os males são os outros? Eu sou dono da minha vida e artifície do meu destino e se moda é pra colocar a culpa em alguém, dessa vez, eu coloco no Sartre ;)
Colocar a culpa nos outros não seria uma forma de me isentar? Até que ponto sou verdadeiro comigo mesmo? O grande Renato Russo em uma de suas letras geniais proferiu com a grande sensibilidade de costume: "porque mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". Mentir pra si não nos leva ao esclarecimento de quem somos. Para sabermos quanto de orgulho, vaidade, egoísmo ainda carregamos em nós, basta que nos observemos nossas atitudes, nossas reações de modo geral, diante dos pequenos fatos do dia a dia.
Lembremo-nos do exemplo de Santo Agostinho, que ao final de cada dia, interrogava a sua consciência e perguntava a si mesmo se não havia faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém tinha motivo para se queixar dele, e foi assim, que dia após dia, foi se autodescobrindo, reconhecendo suas limitações a fim de começar o processo de reforma íntima. Ao descobrirmos que os problemas residem no nosso mundo interior, trilharemos um caminho de paz, paz com a própria guerra, não colocaremos a reponsabilidade da nossa felicidade nos outros, trilharemos nosso "caminho de pedra feliz", como diz a canção do Milton Nascimento.
"Revolve-te por avançar."
Eu sou óbvia, clichê, implicante, e por vezes, metódica.São muitos os defeitos e não tenho vergonha de dizer, porque sei também que sou outras coisas além do que se vê. Buscar esse autoconhecimento, olhar para dentro de mim, faz com que eu entenda a minha própria loucura.
Em um mundo cheio de fakes (virtuais e reais), a charada é Quem sou eu? E quem são "os outros" que tanto me incomodam? Por que me incomodam? Será que eu não os incomodo?
Empatia e autoconhecimento, penso ser uma das chaves para a paz de espírito, já que a felicidade (ainda) não pertence a esse mundo de aflições, de tantas provas e expiações, por isso, descubra quem és.
Como diria o cumpadre meu Quelemém, em Grande Sertão: veredas: "A colheita é comum, mas o capinar, é sozinho."
Como diria o cumpadre meu Quelemém, em Grande Sertão: veredas: "A colheita é comum, mas o capinar, é sozinho."
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quem sou eu?,
santo agostinho
15 de setembro de 2010
Brasil, um país de quase todos...
Tô esperando um candidato prometendo que vai reduzir o salário dos parlamentares, é muito difícil isso??? Sobre isso, ninguém fala!!! Tá rolando uma campanha na internet: "Troque um parlamentar por 344 professores"...O que penso sobre isso?
Que situação, quando vão pensar em educação?
Os professores trabalham por idealismo
Com coragem e determinação, são heróis em um país
Em que ainda existe tanta corrupção
Isso não tem cabimento, ser professor é profissão!
Nem só de amor e idealismo se vive
Ninguém vai perdoar minhas dívidas
Por ser uma profissional da educação
E como ficará a minha formação?
Minha atualização profissional?
Meu desenvolvimento pessoal?
Quem disse que ser professor é um ofício sacerdotal?
Precisamos de valorização, de justa remuneração
Toda profissão tem que se desempenhada com amor, isso eu não nego!
Mas quando se fala em educação, cadê a ordem e o progresso?
Estudar custa caro, livros e cursos não são baratos
As condições ainda são precárias e autoestima dos profissionais anda baixa
Desânimo total
Stress sem igual
Salários de fome
Essa é a representação social atual
Alguns dizem que admiram quem quer ser professor
Até alguns reconhecem que sem professor, não tem doutor
Muitos tem pena e não entendem, outros até, ironizam a "vocação"
Todos esquecem que sem professor, não existe evolução
Nos discursos vazios dos políticos sem noção, a palavra de ordem é sempre Educação
Mas na prática, esperança se transforma em decepção
Mais respeito com aqueles que podem ajudar a mudar essa nação!
Não dá mais pra suportar essa situação
Acorda Brasil, acorda povão!
Votemos conscientes, com esperança, mas acima de tudo, REFLEXÃO! 1 de setembro de 2010
Admirável Chip Novo...
Inversão de valore$$$
Recebi um email da Joicica hoje, e resolvi compartilhar o conteúdo...é bom refletirmos sobre a maneira como estamos educando nossas crianças. Não nos esqueçamos, porém, que educar é dar o exemplo.
Uma das melhores críticas que já vi, sobre a criação nos tempos atuais. Quino, autor da Mafalda, desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, deixou impresso no cartum o seu sentimento:
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