7 de novembro de 2010

Vidas secas...

 
   
Ignorância e preconceito, caminham lado a lado....

Como uma estudante de Direito, de apenas 21 anos, causou tanto reboliço no Brasil em uma semana? 
A receita foi bem simples: uma xícara de chá de intolerância, uma pitada de inconsequência e duas colheres de sopa cheias de preconceito, toda essa mistura foi levada ao forno "Twitter" e em um minuto estava pronto: "o bolo da ignorância". Ingenuidade ou não, o problema é muito maior do que possamos imaginar. 

Muito me surpreende o fato de pessoas jovens e instruídas, dessa geração cibernética,  fazerem mau uso de uma ferramenta tão maravilhosa que é a Intenet para disseminar o ódio e a intolerância. E não me venham com discursos sobre liberdade de expressão, respeito é algo que deveria ser inerente à formação humana.

O destaque da vez é para os nordestinos, mas sabemos que existe também o preconceito contra a burguesia,  contra os paulistas, contra o favelado, contra os evangélicos e por aí vai. A falta de discernimento, os juízos pré concebidos para com algo ou alguém nos levam a julgar, ter posições radicais e por vezes, atitudes pra lá de discriminatórias, como tiveram alguns eleitores insatisfeitos com a derrota do José Serra, descontando toda a sua frustração contra o povo nordestino. 

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte". Nesse aspecto, tenho que concordar com Euclides da Cunha,  que,  apesar das crenças e das influências fortemente deterministas do autor de "Os Sertões", soube reconhecer a força hérculea que o nordestino possui. Mas convenhamos, não só o nordestino, o paraense, o paulista, o gaúcho, o amazonense, o mineiro, o homem do campo e o das grandes cidades, todo brasileiro é, antes de tudo, um forte.

Ignorância e preconceito, caminham lado a lado. A vida dura do sertanejo brasileiro enfrentando a seca, a fome, o analfabetismo, a miséria só não é mais seca do que a falta de empatia de muitas pessoas, como pudemos notar essa semana. Seca é a vida de quem não tem compaixão, aí reside a verdadeira miséria. Mas como diria meu velho e bom amigo Riobaldo: o mais importante e bonito do mun­do é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.Verdade maior, isso que me alegra montão (...).

Só para terminar o post, recomendo um livro que mexeu demais comigo e retrata muito bem, na minha opinião, a dura vida daqueles que enfrentam a seca, a fome, a ignorância e o descaso. Essa é uma obra indispensável para qualquer pessoa: "Vidas Secas", de um dos meus escritores prediletos, que é o Graciliano Ramos. Não tem como não ler com um baita nó na garganta. Não façamos mais protestos equivocados, BASTA!!!! Chega de qualquer tipo de preconceito, mais EMPATIA.

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