HUMILDADE
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.
(Cora Coralina - Meu livro de Cordel, p. 59 )
Tá aí uma virtude, no meu ponto de vista, pouco compreendida. Muitas pessoas confundem ser servil, humilde com subserviência. Pra mim, servilismo não tem nada a ver com humildade. Ser servil, humilde, manso de coração não significa ser bajulador, condescendente com situações injustas. Mas não vou dissertar sobre esse assunto, mesmo porque, nem me sinto à vontade, pois tenho consciência que ainda deixo o meu Ego ofuscar essa virtude tão maravilhosa, que espero conquistar um dia. Por ora, procuro refletir sobre o convite da Veneranda Joanna de Ângelis...
Convite à Humildade
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” (Mateus: capítulo 11º, versículo 28.)
Os que são incapazes de conseguí-la identificam-na como fraqueza. Os pessimistas que chafurdam no poço do orgulho ferido e não se dispõem à luta, detestam-na, porque se sentem incapazes de possuí-la.
Os derrotistas utilizam-se da subestima para denegri-la. Os fracos, falsamente investidos de força, falseiam-lhe o significado, deturpando-lhe a soberana realidade. Porque muitos não lograram vivê-la e derraparam em plenos exercícios, desconsideram-na. Ela, no entanto, fulgura e prossegue.
Os derrotistas utilizam-se da subestima para denegri-la. Os fracos, falsamente investidos de força, falseiam-lhe o significado, deturpando-lhe a soberana realidade. Porque muitos não lograram vivê-la e derraparam em plenos exercícios, desconsideram-na. Ela, no entanto, fulgura e prossegue.
Sustenta no cansaço, acalenta nas dores, robustece na luta, encoraja no insucesso, levanta na queda... Louva a dor que corrige, abençoa a dificuldade que ensina, agradece a soledade que exercita a reflexão, ampara o trabalho que disciplina e é reconhecida a todos, inclusive aos que passam por maus, por ensinarem, embora inconscientemente, o valor dos bons e a excelência do bem. Chega e dulcifica a amargura, balsamizando qualquer ferida exposta, mesmo em chaga repelente. Identifica-se pela meiguice e, sutil, agrada, oferecendo plenitude, quando tudo conspira contra a paz de que se faz instrumento. Escudo dos verdadeiros herois, tem sido a coroa dos mártires, o sinal dos santos e a característica dos sábios. Com ela o homem adquire grandeza interior e, considerando a majestade da Criação, como membro atuante da vida, que é, eleva-se e, assim, eleva a humanidade inteira. Conquistá-la, ao fim das pelejas exaustivas, é lograr paz. No diálogo entre Jesus e Pilatos, esteve presente no silêncio do Amigo Divino e ausente no enganado fâmulo de César...
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