21 de março de 2011

Dia Internacional da Síndrome de Down


Cromossomo do amor...

Para quem não sabe, hoje (21/03) é o Dia Internacional da Síndrome de Down, e para comemorar essa data, com o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba, a Associação Reviver Down de Curitiba, montou uma estande na Rua XV de Novembro, na qual pode-se conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pela associação, sanar qualquer dúvida sobre essa condição genética, inclusão e mercado de trabalho,  e também,  comprar produtos da Associação Reviver Down de Curitiba, no caso, belíssimos calendários confeccionados por eles. Queria muito ter comprado, mas estava sem dinheiro e na volta do banco, meu cabeção apressado e atrasado, esqueceu de voltar lá, e infelizmente, só hoje eles estariam fazendo essa mobilização...enfim...

Espero que vocês entrem no site da Associação e conhecer um pouco mais sobre esse belíssimo trabalho!


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O QUE É SÍNDROME DE DOWN (SD) 
 
A SD é uma condição genética caracterizada pela presença de um cromossomo a mais nas células da pessoa, e por isso é também chamada de Trissomia do Cromossomo 21.

É um acidente genético que ocorre, geralmente, ao acaso, durante a divisão celular do embrião, e sua causa é até o momento desconhecida. Portanto, qualquer casal pode ter um filho com SD, não importando sua raça ou condição social.

No Brasil estima-se que a incidência seja de uma criança com SD a cada 600 / 700 nascimentos.
A SD é essencialmente um atraso global do desenvolvimento motor e mental da criança. Se bem estimulada, esta criança poderá alcançar bons níveis de tonicidade e coordenação motora, fala, escrita e desenvolvimento social.

As pessoas com SD possuem uma série de características físicas, tais como: hipotonia muscular, língua protrusa, prega palmar única, olho amendoado com prega epicântica, etc, que fazem com que as crianças se assemelhem entre si.

Mas a verdade é que cada criança é um ser único que responderá às oportunidades que colocarmos diante dela. Nosso papel como pais, profissionais e sociedade como um todo, é fazer com que estas oportunidades sejam as melhores possíveis, para que a criança com SD possa dar o melhor de si.

19 de março de 2011

O Mundo Precisa de Poesia...

...e o povo de esclarecimento!!!!

Entre a ilegalidade e a imoralidade....


Antes de qualquer coisa, afirmo que não vou nem "perder" muito tempo criticando coisas óbvias, que não é de hoje, vem acontecendo no MinC, só vou postar dois textos, um sobre a polêmica do Blog da Bethânia, e outro que explica o que é e como como funciona a tal Lei Rouanet (leia-se LEI ou seja, aquilo que é legal - Rá!)...

A POLÊMICA


Segundo o jornalista Tiago Zanoli, a cantora Maria Bethânia, fará o Blog mais caro do país, mas ela é é cidadã e tem direito a utilizar a Lei Rouanet, mas o valor do projeto, aliado ao fato de a cantora ser uma das artistas mais respeitadas do país - o que facilitaria um financiamento privado - pesam contra a liberação de verba pública. A ideia do site, intitulado "O Mundo Precisa de Poesia", é postar todo dia um vídeo da cantora interpretando grandes poemas. Ao todo, seriam 365 vídeos sob direção do também renomado Andrucha Waddington. Mesmo assim, pegou mal.
Professora de marketing cultural e gestora cultural, Ivana Esteves observa que tanto o nome de Bethânia quanto o de Waddington são "marcas fortes", e ambos poderiam muito bem captar recursos com grandes empresas, independentemente de leis de incentivo. "Para que serve a lei então? Ela deveria beneficiar artistas não renomados, que enfrentam dificuldades para obter patrocínio", afirma.
A poeta e gestora cultural Aline Yasmin acrescenta que a lei precisa ser revista, pois há uma concentração de recursos em torno de nomes famosos (além de Bethânia, a cantora Ivete Sangalo e o Cirque du Soleil, por exemplo, já foram beneficiados pela Rouanet). "Pela lógica, uma lei de incentivo à cultura deveria fomentar novos artistas e projetos. Mas estes não conseguem ter acesso aos recursos, porque as grandes empresas preferem trocar bônus com as celebridades."
Aline critica ainda a má distribuição. Segundo ela, muitas empresas com sede no Espírito Santo nem chegam a receber os artistas locais contemplados pela Lei Rouanet, muito embora em outros Estados elas troquem bônus. "Aqui, poucas empresas têm compromisso com o marketing cultural, e isso também precisa ser revisto", completa.
Em meio à polêmica, a assessoria de Bethânia não confirmou a aprovação do projeto, que estaria ainda em avaliação para entrar na Lei Rouanet. Na "Folha", Mônica Bergamo lembrou também que, três anos atrás, a cantora envolveu-se em outra discussão, ao pedir captação de R$ 1,8 milhão para uma turnê. A proposta foi rejeita pela área técnica do MinC, mas o então ministro Juca Ferreira "ignorou o parecer e autorizou a captação de R$ 1,5 milhão", para shows com caros ingressos.

A LEI

Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), conhecida também por Lei Rouanet, é a lei que institui politicas públicas para a cultura nacional, como o PRONAC - Programa Nacional de Apoio à Cultura. As diretrizes para a cultura nacional foram estabelecidas nos primeiros artigos, e sua base é a promoção, proteção e valorização das expressões culturais nacionais. 
O grande destaque da Lei Rouanet é a politica de incentivos fiscais que possibilita as empresas (pessoas jurídicas) e cidadãos (pessoa fisíca) aplicarem uma parte do IR (imposto de renda) devido em ações culturais. O percentual disponivel de 6% do IRPF para pessoas físicas e 4% de IRPJ para pessoas juridicas, ainda que relativamente pequeno permitiu que em 2008 fossem investidos em cultura, segundo o MinC (Ministério da Cultura) mais de 1 bilhão. 
A lei surgiu para educar as empresas e cidadãos a investirem em cultura, e inicialmente daria incentivos fiscais, pois com o benefício no recolhimento do imposto a iniciativa privada se sentiria estimulada a patrocinar eventos culturais, uma vez que o patrocínio além de fomentar a cultura, valoriza a marca das empresas junto ao público. No entanto a lei tem sido atacada, em vez de ensinar empresas a investirem em cultura, ensiná-las a fazer propaganda gratuita. A critica principal é que o governo, ao invés de investir diretamente em cultura, começou a deixar que as próprias empresas decidissem qual forma de cultura merecia ser patrocinada. 
Os incentivos da União (governo) à cultura somam 310 milhões de reais: 30 milhões para a Funarte e 280 milhões para a Lei Rouanet (porcentagem investida diretamente pela União), enquanto o incentivo fiscal retira dos cofres da união cerca de um bilhão por ano. 
Desde o fim do ano passado, ficou mais fácil para um artista mais avesso a burocracias enquadrar seu projeto na Lei Rouanet, de concede incentivos às atividades culturais. O Ministério da Cultura (MinC) editou em outubro uma instrução normativa que torna mais simples o processo. Neste início de ano, já cresce o número de criadores que colocam diretamente a mão na massa e conseguem o próprio incentivo, para projetos até mais modestos, com valores até então não percebidos...

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O que dizer? Não tenho nada pra dizer, só me pergunto onde está o limite da legalidade e da moralidade, quem souber a resposta, me dá um toque, estou muito, mas muito confusa...e não é de hoje que estou cansada de certas coisas...


Não é ilegal a irmã do Caetano Veloso, solicitar ao MinC R$1,3 milhão de reais em captação de recursos para patrocinar seu Blog de Poesia, mas até que ponto essa situação não é imoral?

A lei não é de incentivo? Só falta saber pra quem é o icentivo. Gosto da música da Maria Bethânia, gosto muito do Chico Buarque, irmão da Ministra da Cultura atual, mas nunca tive a oportunidade de ir aos seus shows, pois não fui "incentivada" pelos preços altíssimos dos ingressos...

18 de março de 2011

Pra ler além das linhas....




"O objetivo do meu comentário era despertar nas pessoas nuances que não chegam a público, 
e não destruir o Carnaval ou estabelelecer uma fórmula. Quem sou eu para isso?”

Circo sem pão...

Estou meio desatualizada com os fatos da internet devido aos compromissos pessoais que não cabem expor aqui, mas acabei de assistir o "polêmico vídeo" da semana de carnaval, no qual, a grande jornalista Rachel Sheherazade, faz algumas observações do lado "circo" da festa popular de um país, que apesar dos programas assistenciais, muitos ainda não têm nem o "pão" de cada dia. 

Vale a pena assistir e fazer uma leitura "além das linhas". Apesar de toda a polêmica que o assunto gerou, ela enfatiza que o seu objetivo era despertar nas pessoas nuances que não chegam ao grande público, ou seja, seu inuito era trazer apenas uma reflexão do lado "B" do carnaval, e não destruí-lo, como muitos disseram. Tantas críticas, e penso, onde estará a verdade? Ah Veríssimo...



Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/03/10/apresentadora-de-tv-diz-que-carnaval-e-negocio-dos-ricos.jhtm

14 de março de 2011

Limonada do dia...


"Coragem não é ausência de medo, e sim, o julgamento de que algo é mais importante do que o medo."


De olho no Sol...

O tom do meu post hoje é extremamente pessoal, quase em tom de desabafo, aquele tipo de texto que é preciso ter muito conhecimento de mundo para poder fazer as inferências necessárias, e assim, compreender o que eu digo. Confesso que fico receosa com esse tipo de texto, mas, sou do tipo de pessoa que prefere escrever, escrever sempre, para expressar sentimentos (e chateações).

Comecei a trabalhar desde cedo, e desde então, nunca parei, com a graça de Deus (literalmente), só parei por férias, sempre quando quase a segunda já estava pra vencer.
Trabalhando e estudando (e sempre me senti muito abençoada por isso), vou levando minha vida, "sem reclamar" (a não ser de andar de ônibus e do cansaço, mas juro, que vou parar, aliás, já parei!). Não nasci em berço de ouro, mas também não nasci no meio da miséria, sempre fui uma pessoa que soube aproveitar as oportunidades que a vida deu (e dá).
Sem falsa modéstia, me considero uma formiguinha, tudo na minha vida ocorre de modo devagar, muito bem planejado, e assim vou trabalhando e atingindo meus objetivos, sem dar ouvido às "cigarras" que me aparecem no caminho. Não tenho pressa, devagarinho é que a gente chega lá! Martinho da Vila que o diga...

Mas agora a situação é diferente, não posso trabalhar, não em horários convencionais. Vou fazer mestrado, ganhei bolsa, mas não posso acumular duas bolsas, a CAPES não permite, e agora? E agora, tenho seguro desemprego, tenho pessoas maravilhosas ao meu redor dispostas a me ajudar,  tenho família,  e tenho algo que é muito precioso, algo que fui CONSTRUÍNDO com o tempo (porque acredito virtudes se constroem), tenho uma virtude preciosa nessa vida, aliás, duas virtudes que me acompanham e não me deixam desanimar: CORAGEM E FÉ!
Sim, tenho coragem pra enfrentar medos, pressões, críticas e o pessimismo alheio e muita, mas muita fé em Deus, que não dá asas à cobra e se me deu essa grande oportunidade, é porque sabe que darei conta do recado. Às vezes me abalo, me chateio e até me revolto com comentários que em nada auxiliam,  mas não paro de trabalhar, trabalhar e lutar por tudo aquilo que acredito.

Ficar com medo à essa altura do campeonato, depois de tudo que construí ao lado do meu grande companheiro? Não mesmo!  Sofrer por antecipação só demonstraria que minha fé é algo da boca pra fora, e não é. Tenho muita fé em Deus, fé no trabalho e fé em mim. Só não sei explicar se a coragem vem da fé ou a fé vem da coragem que eu procuro CONSTRUIR E RECONSTRUIR, dia após dia. 

Se eu caio, eu levanto, sempre,  sempre e sempre. Aprendi a ser resiliente, e também, estou procurando desenvolver a paciência, virtude que aindo não possuo e, com certeza, a mais difícil de se desenvolver (pra mim, Géssica), mas um dia, também chego lá, uma coisa de cada vez, por favor!

Gosto muito de um ditado popular que diz bem assim: "Nasci pelado, careca e sem dente, o que vier, é lucro". É isso aí, e eu assino embaixo. Minha coragem vem da fé, fé em Deus que não nos desampara.

Pronto, falei!  Em breve voltaremos à nossa programação normal!

13 de março de 2011

Uma mulher que pode salvar o planeta...

SEMANA DA MULHER

 
MARINA  SILVA

Não vejam o post de hoje como partidária, por favor, admiro demais a história de vida da Marina Silva, independente do partido, classe, cor, gênero ou religião que ela pertença. Sua biografia supera, ou deveria superar, qualquer tipo de preconceito. Pra mim, ela é a mulher que melhor representa a  força da nossa classe e do nosso povo. Alguém tem noção que essa mulher foi alfabetizada aos 16 anos? Trabalhou como doméstica e já foi considerada umas das 50 pessoas no mundo que podem salvar o planeta? Pare e pense! 

Essa sim, fez do limão uma limonada.  Essa "formiguinha" (como muitos dizem, em tom pejorativo e eu digo, em tom de extrema admiração, pois essa mulher trabalha incansavelmente como as formiguinhas das fábulas), merece ser ouvida e aplaudida. Sou muito, mas muito fã desse ser humano, e justamente essa mulher que tanto admiro, foi escolhida pra "fechar" com chave de ouro essa semana de posts em homenagem às mulheres do meu Brasil. Como já havia previsto, foi difícil escolher apenas algumas...em breve, teremos mais!

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Maria, Marina é um dom, uma certa magia...

Principal líder socioambiental no Brasil, Marina Silva é exemplo de superação, em quase 30 anos de vida pública, ganhou reconhecimento dentro e fora do país pela defesa da ética, da valorização dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável. Uma reputação construída em mandatos de vereadora, deputada estadual e senadora – eleita sempre com votações recordes – e no período em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008.

Nos cinco anos e quatro meses no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a ser vista também como gestora competente. Na pasta, uma de suas conquistas foi o Plano de Ação para Prevenção e o Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, que contou com o esforço integrado de 14 ministérios. Graças ao projeto, o ritmo de desmatamento da Amazônia caiu 57% em apenas três anos, passando de 27 mil km² para 11 mil km² ao ano. Mais de 1.500 empresas ilegais foram desmanteladas, com a prisão de 700 pessoas. A apreensão de madeira somou um milhão de metros cúbicos.
Iniciativas como essa aumentaram sua projeção internacional. No final de 2007, o jornal britânico “The Guardian” incluiu a então ministra entre as 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta.

Primeiros anos

Maria Osmarina Marina Silva de Lima nasceu em 8 de fevereiro de 1958 em uma pequena comunidade chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, no Acre. Seus pais, nordestinos, tiveram 11 filhos, dos quais três morreram. A mãe morreu quando tinha apenas 15 anos. A vida no seringal era difícil. “Eu acordava sempre às 4h da manhã, cortava uns gravetos, pegava uns pedaços de seringuins, acendia o fogo, fazia o café e uma salada de banana perriá com ovo. Esse era o nosso café da manhã”, conta.
Na adolescência sonhava em ser freira. “Minha avó dizia: ‘Minha filha, freira não pode ser analfabeta’”, lembra. O desejo de aprender a ler passou então a acompanhá-la. Aos 16 anos, contraiu hepatite, a primeira das três que foi acometida. Seu histórico de saúde ainda inclui cinco malárias e uma leishmaniose. Essas fragilidades a levaram a Rio Branco em busca de tratamento médico. Aproveitou a oportunidade para também se dedicar à vida religiosa e, ao mesmo tempo, estudar. Obteve a permissão do pai e deixou a floresta.
Na capital acriana, para se sustentar, passou a trabalhar como empregada doméstica. Revia as lições durante as madrugadas. O progresso nos estudos foi rápido. Entre o período de Mobral, no qual aprendeu a ler e a escrever, até a formação em História transcorreram apenas dez anos. Sua formação foi complementada posteriormente com a pós-graduação em Psicopedagogia.
A vocação social se revelou quando deixava a adolescência. Marina se inscreveu em um curso de liderança rural e conheceu o líder seringueiro Chico Mendes. Passou a ter contato com as ideias da Teologia da Libertação e a participar das Comunidades Eclesiais de Base. Em 1984, ajudou a fundar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre. Chico Mendes foi o primeiro coordenador da entidade e Marina a vice-coordenadora.

Parlamento

Filiada ao PT, Marina disputou seu primeiro cargo público em 1986, ao concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Ficou entre os cinco mais votados, mas o partido não atingiu o quociente eleitoral mínimo exigido. Os sucessos eleitorais de Marina começaram dois anos depois, ao se eleger vereadora, a mais votada de Rio Branco. Uma de suas primeiras manifestações foi devolver o dinheiro de gratificações, auxílio-moradia e outras mordomias que os demais vereadores recebiam sem questionamento.
Com atos como esse, atraiu a ira dos adversários políticos ao mesmo tempo em que obtinha um reconhecimento popular que se manifestou na eleição seguinte, em 1990, quando se tornou deputada estadual, novamente com votação recorde. Em 1994, aos 36 anos, chegou a Brasília como a senadora mais jovem da história da República. Foi reeleita em 2002, com votação quase três vezes superior à anterior.

No Senado, foi a primeira voz a defender a importância de o governo assumir metas para redução das emissões de gases do efeito estufa. Em 2009, o Planalto anunciou, finalmente, a adoção dessas metas. Também cobrou do Executivo federal e do Congresso a inclusão da meta brasileira, com os percentuais para a redução das emissões de gases do efeito estufa até 2020, no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que seria aprovado e sancionado pelo presidente antes da realização da Conferência de Clima (COP15), em dezembro, em Copenhague.

Ministério

No Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva trabalhou por políticas estruturantes baseadas em quatro diretrizes básicas: 1) maior participação e controle social; 2) fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente; 3) transversalidade nas ações de governo; 4) promoção do desenvolvimento sustentável.

No governo do presidente Lula, Marina buscou transformar a questão ambiental em uma política de governo, que quebrasse o tradicional isolamento da área. Foi assim que o governo passou a exigir, nos projetos hidrelétricos a serem leiloados, a obtenção da licença prévia para que a viabilidade ambiental dos empreendimentos fosse avaliada antes da concessão para a exploração privada. Também baseado nessa diretriz, o ministério, por intermédio do Ibama, passou a ser ouvido prioritariamente antes da licitação dos blocos de petróleo.
Em 13 de maio de 2008, pediu demissão do ministério. Em carta ao presidente Lula, afirmou que deixava o cargo por conta das dificuldades que enfrentava dentro do governo. “Esta difícil decisão, Sr. Presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal”, afirmava Marina, que voltou para o Senado.
Em 19 de agosto do ano passado deixou o PT. Em comunicado ao partido, manifestou seu desacordo com uma “concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida”. Onze dias depois, anunciou sua filiação ao PV.

Pré-candidatura à Presidência

Em 16 de maio de 2010 ano, Marina lançou sua pré-candidatura à Presidência e anunciou o empresário Guilherme Leal como seu vice. Em seu discurso durante encontro do PV em Nova Iguaçu (RJ), a senadora disse esperar que o país saia da próxima eleição com um novo “acordo social”, que integre avanços dos governos passados e aponte para uma economia de baixo carbono. Lembrou conquistas dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas a estabilização econômica e a redução da pobreza.

Prêmios

A lista de prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais mostra a expressão internacional conquistada pela senadora. Além de ser incluída na lista do jornal “The Guardian”, conquistou o “2007 Champions of the Earth”, o principal prêmio da ONU na área ambiental. Em outubro de 2008, recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James, em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira – o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF. Em 2009, recebeu o prêmio Sophie da Sophie Foundation, concedido a pessoas e organizações que se destacam nas áreas ambientais e do desenvolvimento sustentável, em Oslo, Noruega. Também em 2009, recebeu da Fundação Príncipe Albert 2º de Mônaco o Prêmio sobre Mudança Climática (Climate Change Award), em reconhecimento à sua contribuição para projetos na área do meio ambiente, ações e iniciativas conduzidas sob a ótica do desenvolvimento sustentável.

12 de março de 2011

Uma mulher em busca de direitos...

SEMANA DA MULHER

 Cientista, líder feminista e política paulista (1894-1976). 
  Foi uma das pioneiras da luta pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no país.

BERTHA LUTZ
 "A transformação social se faz com coragem e determinação."

Berta Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo, em 1894, é uma das pioneiras da luta pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no país. Filha do cientista Adolfo Lutz,  zoóloga de profissão, em 1919 tornou-se secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O fato teve grande repercussão, considerando-se que na época o acesso ao funcionalismo público ainda era vedado às mulheres. Mais tarde, tornou-se naturalista na seção de botânica da mesma instituição. 

Em 1922, representou o Brasil na assembléia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. De volta ao Brasil, fundou a Federação para o Progresso Feminino, iniciando a luta pelo direito de voto para as mulheres brasileiras. Ainda em 1922, como delegada do Museu Nacional ao Congresso de Educação, garantiu ingresso das meninas no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. 

Sucessora de Leolinda Daltro, fundadora da primeira escola de enfermeiras do Brasil, Berta Lutz organizou o I Congresso Feminista do Brasil. Na Organização Internacional do Trabalho, discutiu problemas relacionados à proteção do trabalho feminino. Em 1929, participou da Conferência Internacional da Mulher, em Berlim. Ao regressar, fundou a União Universitária Feminina. Em 1932, criou a Liga Eleitoral Independente e, no ano seguinte, a União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas. Ainda em 1933, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e publicou "A nacionalidade da mulher casada", na qual defendia os direitos jurídicos da mulher. 

Candidata em 1933 a uma vaga na Assembléia Nacional Constituinte de 1934 pelo Partido Autonomista do Distrito Federal, representando a Liga Eleitoral Independente, ligada ao movimento feminista, não conseguiu eleger-se. Contudo, acompanhou as discussões da Constituinte, a convite da deputada paulista Carlota Pereira de Queirós. No pleito de outubro de 1934, candidatou-se mais uma vez e, novamente, obteve apenas uma suplência. No entanto, acabou assumindo o mandato em julho de 1936, devido à morte do titular, deputado Cândido Pessoa. Em sua atuação, lutou pela mudança de legislação trabalhista referente à mulher e ao menor, propôs igualdade salarial, licença de três meses à gestante, redução da jornada de trabalho - então de 13 horas. Permaneceu na Câmara até 1937, ocasião em que o regime do Estado Novo (1937-45) dissolve os órgãos legislativos do país. 

Em 1975, Ano Internacional da Mulher, integrou a delegação brasileira à Conferência Mundial da Mulher, realizada no México e patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Faleceu no Rio de Janeiro, em 1976, em setembro do ano seguinte, conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras.

Fonte: www.cpdoc.fgv.br
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CURIOSIDADES SOBRE BERTHA...
A conquista do direito ao voto feminino


Um colunista de um jornal carioca escreveu, em 1918, um artigo maldoso dizendo que as  brasileiras não iriam sofrer nenhuma influência da luta pelos direitos femininos na Inglaterra. A paulistana Bertha Lutz, que acabara de voltar da França como bacharel em Ciências na Sorbonne, indignou-se. Respondeu com a sugestão de se criar um movimento de luta pelos direitos femininos. Filha do famoso cientista Adolfo Lutz, Bertha tinha então 24 anos. Bióloga e advogada, ela adotou a causa do voto feminino. Depois de inúmeras participações em congressos, ligas e organizações pelo mundo durante a década de 20, em 1932 Bertha viu Getúlio Vargas aprovar o novo Código Eleitoral contendo o direito de voto das mulheres. Foi a realização de um grande sonho. Aliada à luta pela causa feminina, ainda teve tempo de trabalhar, por mais de 40 anos, como pesquisadora científica na área de zoologia. Como se não bastasse, descobriu quase uma dezena de espécies anfíbias e deixou seu nome nos círculos da ciência internacional.


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Prêmio Bertha Lutz

O prêmio Bertha Lutz foi instituído pela Mesa do Senado em 2001 como forma de homenagear mulheres de todo o país que tenham prestado relevantes serviços na defesa dos direitos femininos e em questões de gênero.
Existe um movimento hoje, no país, para a Dilma ser agraciada com o prêmio Bertha Lutz, fique de olho!



RECOMENDO:

11 de março de 2011

Musa trágica da revolução...



 SEMANA DA MULHER
  “SONHE, TENHA ATÉ PESADELOS SE NECESSÁRIO FOR, MAS SONHE.” (PAGU)
  
Pagu: uma musa de carne, osso e muita coragem...

      Quase que ficamos sem post hoje, isso porque, no meu primeiro grande dia em casa, fico doente. Lamúrias à parte,  andei pesquisando um pouco mais sobre a artista, a jornalista, a escritora, a revolucionária, a musa, ou "musa trágica da revolução" (segundo Carlos Drummond de Andrade), enfim, sobre a grande Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como PAGU.  
      Confesso que todo meu conhecimento sobre a musa era, e claro, continua superficial, mas digo que fiquei ainda mais encantada com essa mulher, que segundo o "levantamento internético", foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas¹.

      Daí né, que a pessoa que vos escreve, humildemente, andou pesquisando um pouco mais sobre essa grande figura, porque ia elaborar um resumo sobre a vida dessa grande mulher, mas como disse antes, ficou doente e  encontrou no Blog Rascunhos da Vida (créditos para Andrea Vaz), um texto de 2009,  intitulado como "Quem foi Pagu?", baseado em um artigo de Gisele de Marie, que sintetiza (e defende) a história dessa mulher com M maiúsculo. E o que fez? Ao invés de escrever, "roubou" o texto, adaptou e trouxe pra cá.

      Peço que entrem no Blog Oficial sobre a querida PAGU e explorem  com muito carinho cada texto, cada imagem, cada croqui, cada detalhe do site que presta essa grande e merecida homenagem à essa musa de carne, osso e muita, mas muita coragem.

Quem foi Pagu? 
(Adaptado)
Quem foi, afinal, essa tal de Pagu? Essa de quem tanta gente tem falado, escrito, homenageado, se aproveitado, escarnecido ? Essa que, volta e eia, vira moda e vira nome na boca de qualquer um, na beleza e pureza amiga ou na idiotice, mesquinhez, vulgaridade de qualquer um...

É preciso que se diga que Pagu é, antes de tudo, uma pessoa, como eu ou você. Uma mulher, uma criatura incrível, muito acima de qualquer modismo. Não estamos falando de nenhum produto fabricado para consumo dos infindáveis portadores de cabeças com “Síndrome de Vácuo”, nem estamos falando de alguma roupa mágica para vestir a burrice cega e megalômana de “pseudo-intelectuais”, “pseudo-artistas”, “pseudo-doutores”, “pseudo-malucos”, e não sei mais o quê.

Estamos falando de um ser humano, que tentou “ser” humana – na verdadeira acepção da palavra e em tudo o que isso implica - com todas as suas forças, com todo o seu possível, embora também dentro de todas as suas limitações. Peço a vocês, leitoras ou leitores, principalmente a vocês aí, que andam falando asneiras sobre esse ser humano que não está mais aqui para poder se defender – e que, na verdade, mesmo se estivesse, é provável que nem se desse a tal trabalho – peço a vocês que, antes de pensarem ou dizerem qualquer coisa sobre essa mulher, dêem uma olhada neste humilde artigo e se permitam conhecê-la um pouco mais e melhor.

“Pagu” não foi o único apelido ou pseudônimo que ela teve. Estes eram inúmeros: "Zazá”, “Patsy”, “Pat”, “Solange Sohl”, “P.T.”, “P.G.”, “Mara Lobo”, “Irmã Paula”, “G. Léa”, “Leonnie”, “Ariel”, “Brequinha”, são apenas alguns exemplos. Seu nome verdadeiro era Patrícia Rehder Galvão, e o livro mais completo a seu respeito, para quem estiver interessado, é “Pagu: vida-obra”, de Augusto de Campos, lançado em l982, pouco conhecido do público e difícil de se encontrar. Há também um outro, muito bom: “Patrícia Galvão – livre na imaginação, no espaço e no tempo”, editora UniSanta, de autoria de Lúcia M. Teixeira Furlani. É nestes dois livros, aliás, que se baseiam a maior parte das informações deste artigo, e também em algumas conversas com pessoas que tiveram o privilégio de conhecer Pagu ainda em vida.

Foi lançado, no início do mês de maio de 2004, juntamente com a abertura de uma exposição de desenhos de Pagu e documentos sobre ela no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo, um outro livro com textos e organização também de Lúcia Maria Teixeira Furlani: “Croquis de Pagu – 1929 – e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos”, Editora UniSanta/Cortez.

DO NASCIMENTO AOS 30 ANOS

Patrícia Rehder Galvão nasceu em 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista – SP, sendo a terceira filha de Adélia e Thiers Galvão de França, e trazendo nas veias o sangue dos imigrantes alemães e dos quatrocentões paulistas. Quando estava com apenas 12 anos, nasce a Semana de 22, a aurora do Movimento Modernista, que protestava contra o servilismo brasileiro à cultura e arte estrangeira, especialmente a européia.

Em 1925, aos 15 anos, normalista, e já tendo passado por escola de freira (onde, entre outras coisas, fumava escondido, pulava muros e dividia traquinagens com a irmã e melhor amiga, Sidéria), estréia como colaboradora no“Brás Jornal” de São Paulo, com o pseudônimo de “Patsy”. Em 1928, o amigo e poeta Raul Bopp dá-lhe o apelido que se tornaria o mais conhecido: “Pagu”, pensando que seu nome fosse Patrícia Goulart. Nesse mesmo ano é apresentada aos modernistas do grupo de Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Benjamin Peret e outros. Pagu tem apenas 18 anos, então. É muito inteligente, cheia de vida e audácia, original e pertencente ao mundo de idéias vanguardistas. Mas é também apenas uma menina de 18 anos – e não uma espécie de devassa desvairada, inconseqüente, destruidora de lares e pares “perfeitos”. Tarsila e Oswald são fascinados por ela e praticamente a adotam. Ela, por sua vez, os admira e os ama com todo o ardor de que a juventude a reveste.

A partir de 1929, Oswald se apaixona por Pagu, que a seus olhos passa a ser o mais autêntico símbolo da ousadia e inconformismo antropofágico. A paixão de Oswald é correspondida, mas como Pagu também sente enorme amizade e admiração por Tarsila, sente-se dividida. Nada disso foi fácil para ela. Passa a dividir sua atenção entre os dois, sem esquecer de reservar também um espaço para o seu trabalho – um detalhe despercebido para muitos, mas importante e inacreditável para sua época e para uma garota de 19 anos! 
Durante o período modernista de 28 a 30, Pagu desenha para a Revista Antropofágica e escreve seus “sessenta poemas censurados”, que não foram encontrados. Também são dessa época o “Álbum de Pagu”, elaborado em 1929 e dedicado a Tarsila do Amaral, o qual reunia poemas e desenhos. E há ainda o diário a quatro mãos que escreveu com Oswald. Este separa-se de Tarsila. E em 5 de janeiro de 1930 casa-se, simbolicamente, com Pagu no Cemitério da Consolação, à Rua 17, nº 17. Mais tarde se retratam diante de uma igreja. Em 1931, com a crise econômica agravada pela crise de 29, Patrícia e o esposo se alistam na militância política do Partido Comunista. Nessa fase, ambos editam o jornal “O Homem do Povo”, que expressa uma visão radical de esquerda, e onde Pagu assina a coluna feminista “A Mulher do Povo”, além de ilustrações, cartuns e uma historinha em quadrinhos. É tambem desse período o seu romance “Parque Industrial”, que reflete sua solidariedade com o proletariado e sua crença na salvação do comunismo. Doze anos depois, ela escreveria seu segundo e último romance, no qual apresenta uma visão totalmente diferente, desencantada com a política e a falta de ética, coerência e integridade da mesma.

Ainda em 1931, como militante política, participa do comício dos estivadores em Santos. É presa, e ao ser libertada, o PC a obriga a declarar-se uma “agitadora individual, sensacionalista e inexperiente”. Contudo, Pagu não desiste da luta pelo que acredita. Há uma coragem e uma força não apenas impressionantes nesta jovem de 21 anos, mas também comoventes. Apesar de casada e com um filho, jamais se limitou à rotina dos serviços domésticos (higiênicos, culinários ou sexuais) e, menos ainda, às rotinas e absurdos partidários. Começa a viajar pelo mundo, como correspondente do “Correio da Manhã”, “Diário de Notícias” e “A Noite”. Visita o Japão, EUA, Polônia, Alemanha, China, França, Rússia. É a única jornalista latino-americana a presenciar a coroação do Imperador da Manchúria, de quem obtém as primeiras sementes de soja trazidas e plantadas no Brasil. Sim, devemos a soja à Pagu! Em 1934, a decepção com o comunismo começa a invadí-la e é expressa num cartão-postal enviado de Moscou ao esposo: “Gente pobre nas ruas e luxo para os burocratas.” Estuda em Paris, na Sorbonne, e é presa como comunista, sendo repatriada ao Brasil, quando então separa-se definitivamente de Oswald.

Com o Estado Novo, é presa mais uma vez, em 1935. Sofre terríveis torturas, além de perseguições dos companheiros do próprio partido. São quatro anos e meio de cárcere, dos quais é libertada em 1940, horrivelmente magra e esmagada física e emocionalmente. Seu senso crítico, porém, continua intacto. Prova disso é que, afinal, divorcia-se de vez do PC e percebe que a corrupção, a má-fé, a podridão política não escolhe partido.

A MATURIDADE

Nos anos que se seguem, Patrícia dedica-se a intensa atividade jornalística e cultural, além do convívio com a família e amigos. Volta a se casar. Desta vez com o também jornalista Geraldo Ferraz, de quem tem o seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz (que no futuro também seguiria a carreira dos pais), e com quem vai morar em Santos.

Em 1950, faz uma última tentativa na militância política, concorrendo à Assembléia Legislativa, pelo Partido Socialista Brasileiro, quando então lança um manifesto onde afirma que as condições degradantes a que foi submetida abalaram seus nervos e inquietações, transformando-a numa rocha vincada de golpes e amarguras, destroçada e machucada, mas irredutível. Não é eleita. Até os anos 50 colabora com vários jornais e algumas revistas de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1955 passa a ser crítica literária e, também, de teatro e televisão do jornal “A Tribuna” de Santos, tarefa que desempenha excepcionalmente até o ano de sua morte. Por sinal, torna-se a fundadora da Associação dos Jornalistas Profissionais de Santos.

Suas colunas de jornal, seus diálogos, seus desenhos, seus escritos, suas atitudes, expressaram, sempre, de maneira forte, inequívoca e sem tréguas, sua mentalidade renovadora e original; sua falta de condescendência com a hipocrisia, egoísmo e “babugens” (como costumava dizer) do mundo; sua luta para arrancar esse mesmo mundo de seus estreitismos, desigualdades, absurdos, preconceitos; sua sensível e inabalável solidariedade ao ser humano privado de seus direitos fundamentais; sua constante revisão de si mesma e seu eterno sonho de liberdade e fraternidade e de um mundo sem fronteiras, onde a arte, a criação e a sensibilidade seriam a moeda universal. Além disso, revelaram e divulgaram o pensamento, as idéias e descobertas de grandes intelectuais e artistas, muitas vezes ainda desconhecidos no Brasil ou até mesmo no resto do mundo. Ela foi a primeira a traduzir para o português trechos de James Joyce ou Sigmund Freud, por exemplo. Foi a primeira a citar, em suas crônicas, Otávio Paz e Jorge Luis Borges, além de salientar nomes como Maiakovski, Fernando Pessoa, Breton, Becket, Stravinski, Valéry, Schoemberg e outros. 
No panorama cultural de Santos, Patrícia Galvão foi de inigualável importância, com seu incansável apoio à cultura, ao teatro e às artes em geral. Criou e foi a primeira presidente da União do Teatro Amador de Santos. Devido ao seu prestígio, trouxe para a cidade mais de 1200 participantes do 2º Festival de Teatro Amador. Também foi a primeira a traduzir para o teatro uma peça de Ionesco: “A cantora careca”. Diga-se de passagem, deu enorme parte de seus esforços ao teatro, na qualidade de divulgadora e tradutora de autores importantes, como Brecht e Arrabal. Deste último, traduziu e dirigiu “Fando e Lis” em 1959, com um grupo amador, que teve estréia mundial em Santos, visto que até em Paris a peça só foi encenada 10 anos mais tarde.

OS ÚLTIMOS ANOS

Nos últimos anos de sua vida, passados em Santos, apesar de continuar incentivando o teatro, a cultura, os jovens, e apesar de ainda revelar seu espírito em seus escritos, Pagu começou a beber demais, a assumir uma imagem triste, distante, desleixada. Minha avó, por coincidência da mesma idade dela, e frequentadora assídua dos teatros de Santos daquela época, lembra de vê-la sempre de roupas escuras, fora de moda, cabelos despenteados, olhos angustiados, uma garrafinha de bebida amarrada na cintura, marcas de cigarro por todo lado, talvez escondendo as marcas da dor... Algumas outras pessoas mais velhas deram-me testemunhos semelhantes... Enfim, uma mulher desencantada. Onde estaria aquela Pagu linda, ousada, irreverente, sonhadora, lutadora ?

Ela já havia tentado se matar antes, mas recuperara-se e voltara para a guerra. Agora, porém, era diferente. Agora deixava que a depressão e o cansaço a consumissem. Era como se dissesse: “Ah, sim, ainda quero o mundo com que sempre sonhei, pelo qual sempre lutei, mas não posso mais, estou cansada, alguém, por favor, tome o meu lugar...Não aguento mais lutar, lutar, lutar e lutar, e ver tudo quase como sempre foi, e ver o mundo girar em círculo, e ver a dor e os idiotas reinarem, e ter que começar sempre tudo de novo, e estar sempre com um monte de gente ao meu lado e, ao mesmo tempo, tão sozinha... Deixem-me descansar! Sou muito pequena diante do gigante da estupidez.” 
O câncer veio então. Seu último texto em vida, datado de 23/09/62, véspera de uma viagem a Paris para ser operada, dizia: “Nada, nada, nada. Nada mais do que nada. Abri meu abraço aos amigos de sempre. Poetas compareceram, alguns escritores, gente de teatro, birutas no aeroporto. E nada.”A operação não dá certo, e ela é trazida de volta a Santos, onde morre em dezembro de 1962, junto à mãe e à irmã Sidéria, companheira de toda vida.

E a pergunta volta: onde estaria aquela Pagu linda, ousada, irreverente, sonhadora, lutadora ?

“O escritor da aventura não teme a aprovação ou reprovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com germens que venham TALVEZ a fecundar a literatura dos próximos cem anos.” (Pagu, “A Tribuna”, 29/08/57) Onde andará aquela Pagu linda, irreverente, ousada, sonhadora, lutadora ?

“Por que vocês não vão ler Tarzan, hein ? Pelo menos principiariam sabendo que existe uma coisa chamada aventura, descoberta, audácia.” (Pagu, jornal “A Fanfulha”-SP, onde escreveu de 1950 a 53)

Onde andará aquela Pagu linda, irreverente, ousada, sonhadora, lutadora? “Os ouvidos do mundo, os olhos do mundo, a babugem supersticiosa das ciências e das religiões, os veredictos dos tribunais, éticas conformadoras, sabes o que são...” (Trecho do 2º romance de Pagu, “A famosa revista”, 1941)

Onde andará aquela Pagu linda, irreverente, ousada, sonhadora, lutadora? “Quero ir bem alto... bem alto... numa sensação de saborosa superioridade... É que do outro lado do muro tem uma coisa que eu quero espiar...” (Trecho de “Álbum de Pagu”, 1929)

Onde andará aquela Pagu linda, irreverente, ousada, sonhadora, lutadora?  Sim, o gigante era grande demais para suas forças. Para as suas e para as de todos os poetas, escritores e birutas de aeroporto que ela pudesse encontrar. E para as de qualquer um(a). Talvez seja por isso que suas últimas palavras tenham sido “Nada, nada, nada. Nada mais do que nada.”


*Fotos extraídas do Blog Oficial.
[1] Se a informação estiver incorreta, avisem-me, afinal, de contas, não peguei essa informação em nenhum livro, Wikipédia sabe como é.

10 de março de 2011

Alegria de viver...

 SEMANA DA MULHER


Alegria de viver

Amo a vida.
Fascina-me o mistério de existir.
 
Quero viver a magia
de cada instante,
embriagar-me de alegria.

Que importa a nuvem no horizonte,
chuva de amanhã?
Hoje o sol inunda o meu dia.

Helena Kolody


***

HELENA KOLODY nasceu em Cruz Machado (PR), em 12 de outubro de 1912, e faleceu em Curitiba (PR), em 15 de fevereiro de 2004. Seus pais nasceram na Galícia Oriental, Ucrânia, mas se conheceram no Brasil, onde se casaram em janeiro de 1912. Passou a maior parte da infância em Três Barras. Foi professora do ensino médio e inspetora de escola pública. De 1928 a 1931, cursa a Escola Normal Secundária (atual Instituto de Educação do Paraná). Consta que foi a primeira mulher a publicar hai-kais no Brasil (1941).  Foi admirada por poetas como Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski, sendo que, com esse último, teve uma grande relação de amizade.  A partir de 1985, quando recebe o Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba, a sua obra passou a ter grande repercussão no seu estado e no restante do País. Em 1988,  é criado o importante Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody", realizado anualmente pela Secretaria da Cultura do Paraná. Em 1989, o Museu da Imagem e do Som do Paraná grava e publica um seu depoimento. Em 1991, é eleita para a Academia Paranaense de Letras. Em 1992, o cineasta Sylvio Back faz  filme "A Babel de Luz" em homenageia aos seus 80 anos, tendo recebido o prêmio de melhor curta e melhor montagem, do 25° Festival de Brasília. E, 2003, recebe o título de "Doutora Honoris Causa" pela Universidade Federal do Paraná. 

9 de março de 2011

A mulher e sua busca...

SEMANA DA MULHER

A moça tecelã
 
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos  do algodão  mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta.  Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.
 
MARINA COLASANTI
Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. 6. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1982.

***

 

Marina Colasanti (1938) nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei, mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu: "E por falar em amor", "Contos de amor rasgados", "Aqui entre nós", "Intimidade pública", "Eu sozinha", "Zooilógico","A morada do ser", "A nova mulher" (que vendeu mais de 100.000 exemplares), "Mulher daqui pra frente", "O leopardo é um animal delicado", "Esse amor de todos nós", "Gargantas abertas"; e os escritos para crianças "Uma idéia toda azul" e "Doze reis e a moça do labirinto de vento". Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.  

8 de março de 2011

O grande dia...

 SEMANA DA MULHER

 
 Vítimas de ataques com ácido fazem vigília onde pedem o fim da violência contra as mulheres em Dacca, Bangladesh. Ataques com ácido são comuns em países como Camboja, Afeganistão, Índia, Bangladesh e Paquistão.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER
 
Eis que hoje é o grande dia, o Dia Internacional da Mulher, e quem acompanha meu blog sabe que estou homenageando a minha (nossa) classe há alguns dias. Já passaram por aqui Cora Coralina, Cecília Meireles, Anita Malfatti e hoje, fiquei com uma imensa dúvida: o texto de quem eu postaria hoje? Então lembrei que hoje é o aniversário de uma professora muito querida que tive na faculdade, a professora (feminista e feminíssima) Cátia Toledo. Lembrei-me também de um texto belíssimo dessa admiradora e, digamos, "difusora" da obra da Marina Colasanti. Como forma de homenageá-la nessa data que é duplamente dela, resolvi postar um belíssimo poema dessa "professora tecelã" (quem teve aulas com ela sabe do que estou falando, e quem não teve, amanhã postarei aqui o conto "A moça tecelã", da Marina Colasanti para entender).

Que nessa data tão especial e simbólica,  data em que celebramos muitas conquistas, nós possamos refletir sobre nossa condição na sociedade. Que nós possamos nos valorizar cada vez mais, fazendo por merecer nosso tão sonhado espaço no mercado de trabalho. Que tenhamos força, e principalmente, espírito de união para conquistarmos muito mais, e que façamos valer os direitos já adquiridos. Penso que precisamos nos unir mais, é o que sinto ainda. Acredito que a competitividade é um ponto negativo da nossa classe, isso porque, nossa natureza ainda é muito territorialista e digo, sem medo de retaliações, que perdemos espaço para os homens por causa disso. Mulheres, a união faz a força, olhe para a história, olhe para trás, ninguém mudou nada sozinha. Nossa união fez e fará (sempre),  toda a diferença!

MULHER, PARABÉNS PELO SEU DIA!!!

***

As minhas mulheres

Das várias mulheres que me habitam,
uma anda querendo sorrir.
Vejo seu ensaio,
seu lábio que de soslaio esboça
uma alegria de viver,antiga,
esquecida num porão qualquer.

Cansada de ser triste, me chama para o sol
para um azul qualquer
e insiste em ser feliz.

Todas as outras a condenam.
Lembram-lhe a solidão da noite
o vazio da cama
a falta do companheiro esperado
e perdido...
Falam-lhe da dor
da vontade de morrer
de todos os dias cinzentos...

As outras
Dizem-lhe que se cale
que é melhor ficar quieta, calada
esperando que o tempo passe
para que um dia, afinal,
se possam reunir amado e amada
num mundo perfeito
sem doença
em que seremos só a essência
e a alegria do reencontro.

Ela, no entanto,
faz-se criança...
Deixa que transpareça
o brilho nos olhos,
há muito baços,
e insiste no canto dos pássaros
no brilho do sol
e na música,
que lava a alma....

Fala-me dos segredos
que podem estar por vir
mas que precisam querer
precisam da vontade
do prazer
de viver.

O que faço com essas mulheres?
que destino tomar?
De fênix, de condor,
de cotovia a rouxinol...
Quem levará a todas
a mensagem de vida
que me mantém? 
Cátia Toledo Mendonça

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Amazonas (1987), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2000) e doutorado em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2006). Atualmente é professora adjunto i da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Infanto Juvenil, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura infantil, leitura, literatura juvenil, e formação do professor. Tem dado assessoria pedagógica a diversos estebelecimentos de ensino, enfatizando a importância da leitura literária no Ensino Fundamental.